Após 134 da “abolição”, negros lutam por direitos no Brasil
Mesmo com o movimento negro considerando o 20 de Novembro (Dia Nacional da Consciência Negra) como sua maior data, é importante aproveitar o 13 de maio (data da abolição da escravatura) para algumas reflexões.
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. É só pensar no dia 14 de maio: livres, as pessoas não receberam nenhum tipo de ajuda do governo para sobreviver dali em diante. Pesquisadores afirmam que, com a falta de oportunidades e o racismo, o quadro de desigualdade perpetuou-se no país e tem reflexos até os dias atuais.
Segundo o último censo do IBGE, 54% da população brasileira é composta por negros. No entanto, faltam programas e políticas públicas para os mais pobres, especialmente o povo afro-brasileiro. Pesquisa feita pela Catho (especializada em mercado de trabalho), com mais de 10 mil profissionais por todo o país, evidencia que a disparidade salarial entre negros e brancos. Em cargos de diretoria, funcionários negros recebem, em média, 30% a menos. E a desigualdade segue em todos outros níveis de atuação, como coordenador (-22%), especialista graduado (-13%), analista (-10%), especialista técnico (-10%), assistente (-4%) e operacional (-5%).
Não se esquecer a violência. Em 2019, segundo o Atlas da Violência (de 2021), os negros representaram 77% das vítimas de homicídios no Brasil em 2019, com uma taxa de 29,2 por 100 mil habitantes. Entre os não negros, a taxa foi de 11,2 para cada 100 mil. Significa que o risco de um negro ser assassinado é 2,6 vezes superior ao de uma pessoa não negra.
AVANÇOS E DESAFIOS
A luta do movimento negro e governos democráticos ajudaram em avanços importantes, como as cotas nas universidades para negros e negras, contribuindo para mudar o perfil socioeconômico e étnico-racial das universidades públicas. Entretanto, é preciso, por exemplo, políticas de fortalecimento do SUS, observando a realidade da população negra.
É essencial reverter a sub-representação de mulheres e homens negros na política. Isso é importante para ampliar o acesso a direitos e combater a desigualdade de oportunidades para a população negra. Quanto à violência, o movimento defende a desmilitarização da polícia e política pública de humanização da segurança e de garantia de direitos humanos.
Torna-se vital o acesso aos espaços de poder. Já tivemos avanços, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definir melhor a partilha do fundo eleitoral. Mas, é importante dividir os recursos que financiam as campanhas observando critérios étnico-racial e de gênero.
Por tudo isso, é fundamental fortalecer a luta antirracista para construir um país mais justo, combatendo o racismo estrutural e seus impactos agravados pelo governo Bolsonaro.
A Redação, com informações do G1