Comerciários pelo fim da escala 6×1: “Temos exemplo de países que reduziram jornada sem prejuízos”, diz presidente do sindicato
O Sindicato dos Comerciários de Salvador manifesta seu apoio à proposta de emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da jornada de 44 horas semanais de trabalho e acaba com a escala 6×1, defendendo a adoção da escala 4×3, sem redução de salários.
“Temos exemplo de vários países com economias fortes que adotaram a jornada 4×3 sem prejuízos. Estamos firmes nesta luta por melhores condições de trabalho, salário digno e qualidade de vida para os/as nossos/as trabalhadores/as. Somos contra a jornada 6×1, pois ela impõe uma carga excessiva de trabalho, gerando desgaste físico e mental, além de reduzir o tempo que os/as trabalhadores/as têm para descansar e conviver com suas famílias”, disse Renato Ezequiel, presidente do sindicato.
Em defesa de condições mais justas e humanas de trabalho, o sindicato defende a adoção da escala 4×3, que consiste em quatro dias de trabalho seguidos por três dias de descanso, sem redução de salários. Essa mudança possibilita uma jornada de trabalho mais equilibrada e com maior qualidade de vida para o trabalhador, garantindo também melhores condições para sua saúde e bem-estar.
Diversos países já aboliram a jornada de seis dias, enquanto outros avançaram ainda mais na redução do tempo trabalhado.
A proposta da deputada prevê que o regime de trabalho estabelecido na Constituição Federal de 1988 — de 44 horas semanais distribuídas em até seis dias e a obrigatoriedade de 24 horas de descanso após o sexto dia trabalhado — seja substituído por um regime de 36 horas semanais, com a adoção da escala 4×3.
CONFIRA OS PAÍSES QUE REDUZIRAM A CARGA HORÁRIA DE TRABALHO:
Bélgica
Desde 2022, a Bélgica faz parte dos países que autorizam o trabalhador a escolher se prefere distribuir a jornada semanal por quatro ou cinco dias – mantendo a mesma carga horária. Com uma jornada de 38 horas semanais, os belgas ainda têm a opção de aumentar a carga para 45 horas e subtrair o tempo extra trabalhado na semana seguinte.
Islândia
A Islândia estuda o encolhimento da jornada de trabalho há alguns anos e, após testes com a população, começou a implantar medidas de redução. A semana de quatro dias foi uma prática adotada de forma massiva no país, o que diminuiu a rotina de vários cidadãos para 35 a 36 horas semanais, sem qualquer alteração nos salários. Vale ressaltar que, após a ação, a economia da Islândia disparou de forma expressiva, se destacando entre os países europeus no quesito da produtividade.
Escócia
O país tem feito testes para adotar a semana de quatro dias desde 2021. Como incentivo à medida, o governo escocês fornece 10 milhões de libras esterlinas às empresas que implantam o modelo 4×3.
Inglaterra
Empresas britânicas introduziram testes relativos à jornada de trabalho de quatro dias desde 2022. Algumas instituições encolheram o tempo laboral de 40 para 32 horas semanais e permitiram a distribuição da carga horária ao longo dos cinco dias. Os testes na Inglaterra foram de grande sucesso, e parte expressiva das companhias optaram por manter o novo modelo.
Suécia
Os testes relativos à escala 4×3 na Suécia começaram ainda em 2015 e dividiram a opinião pública. A intenção era estabelecer uma jornada de seis horas diárias no lugar das oito horas já estabelecidas – tudo sem redução salarial.
Espanha
O partido de esquerda Mais País apresentou uma proposta para reduzir a jornada de trabalho na Espanha sem alteração salarial. As empresas com menos de 250 funcionários podem participar do projeto federal, com orçamento de 9,6 milhões de euros.
Alemanha
A Alemanha concluiu os testes iniciados em 2024 sobre a adoção da semana de quatro dias. Como resultado, mais de 70% das empresas não têm intenção de voltar ao modelo de cinco dias semanais.
Japão
No Japão, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar incentiva a maior flexibilidade nos horários de trabalho, oferecendo subsídios e consultoria gratuita para empresas que implementarem jornadas mais curtas. As medidas, porém, ainda sofrem resistência culturais, o que mantém a discussão em um impasse.
Nova Zelândia
Grandes companhias da Nova Zelândia foram as primeiras a adotar a semana de quatro dias no país. Os resultados mostraram uma redução significativa do estresse e aumento da satisfação com o trabalho. (Informações da IstoÉ)