Auxílio Brasil é falho e excluirá 22 milhões de pessoas, dizem especialistas

Depois de condenar políticas e programas sociais, o governo Bolsonaro tenta reverter a queda na popularidade com o programa Auxílio Brasil, sucessor o Bolsa Família. Mas, a opinião da socióloga Letícia Bartholo é que ele não vai combater a pobreza no País. Ela é ex-secretária nacional adjunta de Renda de Cidadania do governo federal e uma das maiores conhecedoras do programa.

Em entrevista ao Estadão, Letícia compara o Auxílio Brasil a uma árvore de Natal, que, de tão cheia de bolas e penduricalhos, pode envergar e acabar caindo. “Começa a inserir várias ações ao ponto que o programa de combate à pobreza perde o seu objetivo-chave. É como se estivesse subsumindo toda a proteção social a um programa específico”, diz.

Para a socióloga, não ataca o fundamental. “Vejo o Bolsa Família entre frangalhos e penduricalhos. A MP não enfrenta os problemas essenciais, que são a ampliação da cobertura, dos valores e a defasagem dos benefícios, já que eles não têm atualização monetária desde 2018.”

Segundo Letícia, “existe uma dificuldade de avaliar a própria MP porque não temos parâmetros adequados para saber qual é impacto orçamentário e sobre a pobreza e desigualdade. O que tem na MP são basicamente intenções de benefícios”.

MENOS 22 MILHÕES

Outra especialista no tema, a economista e professora da (USP) Tereza Campello, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, apontou uma série de erros que desmontam a concepção do programa de transferência de renda. Segundo ela, a medida de irá promover a “maior exclusão da história da proteção social”.

O Auxílio Brasil, segundo a própria União, deve contemplar de 16 a 17 milhões (a MP não esclarece esse ponto), o que retira, pelo menos, 22 milhões de pessoas do atual contingente de 39 milhões de beneficiários do auxílio emergencial. Bem inferior aos 68 milhões de brasileiros que recebiam as parcelas em abril de 2020.

Tereza calcula que o Bolsa Família alcance 14,6 milhões de beneficiários. Se o Auxílio Brasil atender 17 milhões, os 2 milhões a mais que serão integrados são os que já estão na fila de espera do programa. “Estão jogando dentro do Bolsa Família políticas que deveriam ser executadas pelos ministérios da Economia e da Ciência e Tecnologia. É um erro atrás do outro. Uma colcha de retalhos que não vai funcionar”, pondera.

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