FOPO: a síndrome que pode estar afetando sua vida profissional

FOPO: a síndrome que pode estar afetando sua vida profissional
O medo da opinião alheia afeta a vida pessoal e profissional

Com informações do Correio*

Uma contadora de 36 anos, que preferiu não se identificar, precisou se descrever como era há um ano, antes de dar início à terapia. A imagem foi a seguinte: uma mulher insegura, de ombros caídos, de baixa autoestima, reservada nas redes sociais e que não dava sua opinião durante as reuniões na empresa. Não porque não tivesse uma, mas pelo medo de emitir seu ponto de vista e ser julgada por ele.

O medo de desagradar os demais, de sentir-se perseguido e de não dar sua opinião por medo de julgamentos é descrito como a síndrome FOPO, sigla do inglês “fear of other people’s opinion”, que, na tradução para o português, seria o “medo da opinião alheia”. “Chegava até ser engraçado porque eu até pensava em fazer um comentário, mas ficava quieta achando que aquilo seria bobo demais, que pagaria de ‘sem noção’, mas, em seguida, alguém falava justamente o que eu estava pensando e, às vezes, todos concordavam”, relata a profissional.

Hoje, ainda em processo de cuidado com a saúde mental, a profissional vem trabalhando o medo de se posicionar em sua vida pessoal e profissional. Ainda não está preparada suficiente para isso, reconhece, mas passos já foram dados em direção à mudança.

“Venho trabalhando esse medo de ser alvo de julgamento das pessoas, não só no ambiente de trabalho, mas também na minha vida pessoal. Tenho melhorado e percebo isso nas redes sociais. Antes, não postava nada, nenhuma foto, hoje, mesmo que demore para escolher uma, já faço”, completa.

Mesmo que a suposta síndrome não seja reconhecida pela literatura médica, especialistas debatem sobre o medo do julgamento alheio e afirmam que faz parte da condição humana, já que o desejo de aprovação social vem dos nossos ancestrais há milhares de anos.

“Mais um termo criado para cunhar algo muito mais complexo que pode ter variadas explicações psicológicas, mas se fomos buscar explicação lá no nosso passado, percebemos que entre os mais antigos humanos havia o desejo de aprovação. Um membro de um grupo, por exemplo, responsável pela caçada fracassada certamente teria seu lugar na tribo ameaçado”, comenta Helena Ramos, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental.

“O medo do julgamento pode ser fruto de uma infância de rejeição, baixa autoestima ou até mesmo o perfeccionismo, que leva o paciente a se cobrar demais ao ponto de se negar a ser falho e ser reconhecido pelos outros por isso”, completa Helena.

Quando esse sentimento paralisador ultrapassa a vida pessoal e chega ao ambiente de trabalho, como no caso da contadora, os efeitos são igualmente prejudiciais, sobretudo para aqueles que almejam um dia estar em um cargo de liderança, onde nem sempre será possível agradar a gregos e troianos.

“É compreensível que uma pessoa que esteja começando a carreira, ainda muito nova, tenha suas inseguranças, mas ela deve tratar isso ao longo do tempo, não apenas porque quer ser reconhecida, promovida ou chegar ao topo da profissão, mas para sua própria saúde e bem-estar das demais pessoas que a cercam”, opina Paulo Vicente, empresário, psicólogo e mentor de Carreira e Desenvolvimento Profissional.

Ainda conforme o mentor, empresas buscam e valorizam pessoas com habilidade de tomar decisões, capazes de motivar os demais colegas, seguros de si e com ótima habilidade de comunicação. “Uma pessoa que teme julgamentos alheios certamente não terá essas qualidades”, pontua.

Vencer o FOPO

  • Ajuda profissional: Buscar apoio de psicólogos pode fornecer ferramentas e técnicas para lidar melhor com a ansiedade e construir autoestima.
  • Reconhecer seus valores: Identificar e compreender seus próprios valores fortalece a autoconfiança e ajuda a tomar decisões alinhadas com seus princípios.
  • Afirme seus valores: Praticar afirmações diárias sobre seus valores e capacidades reforça uma visão positiva de si mesmo e promove resiliência.
  • Inteligência emocional: Participar de treinamentos sobre autoconsciência, autorregulação e empatia melhora a capacidade de gerenciar emoções e reações.
  • Desafie-se: Enfrentar gradualmente situações desafiadoras, começando com pequenos passos, constrói a confiança necessária para se impor com mais segurança.

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